O isolamento social promoveu um fenômeno de aceleração de processos e avanço urgente de comportamentos que estavam previstos futuramente. Com isso o boom no meio online durante a pandemia e a inteligência artificial voltada para o consumo se tornou cada vez mais protagonista no mundo business.
O documentário “O Dilema das Redes” (2020), dirigido por Jeff Orlowski e produzido pela plataforma de streaming Netflix, trouxe ao grande público a discussão sobre as mudanças que as redes sociais e os algoritmos estão causando no comportamento humano. A polêmica produção audiovisual mesclou depoimentos de executivos, desenvolvedores, investidores e ex-funcionários de empresas como Google, Twitter, Facebook, Youtube e Pinterest, com simulações/teatralizações que tornam mais didáticas as situações, explicando o funcionamento de alguns recursos tecnológicos. O longa é uma aula para os leigos entenderem melhor como e por que as redes sociais vêm dominando a sociedade, compreendendo toda arquitetura das redes.
A obra mostra como as redes sociais foram desenvolvidas para prender o máximo possível da atenção do usuário rolando o feed infinito em uma tela. Quanto maior o tempo que passamos navegando nos perfis, páginas e canais, mais tempo assistimos à publicidade online. Esta publicidade é paga por empresas de produtos e serviços, que compram nosso tempo online, nossa atenção. Como cita no documentário “se você não está pagando por um produto, é sinal que você é o produto”.
Para nos manter mais tempo olhando para a tela, as redes sociais são programadas para apresentar mais daquele conteúdo pelo qual nós nos mostramos interessados. Com a internet e as mídias sociais tornando-se cada vez mais acessíveis, qualquer pessoa pode compartilhar opiniões e fazer discursos, mesmo sem uma base de conhecimentos sólida para isso.
Uma das discussões incitadas pela obra, são os dados dos usuários, que combinadas com a inteligência artificial pelas empresas de tecnologia conseguem construir e rastrear padrões de comportamento dos usuários e a partir disso oferecer serviços, produtos e informações.
A inteligência artificial (IA) é um avanço tecnológico que permite que os sistemas simulem uma inteligência similar à humana — indo além da programação de ordens específicas para tomar decisões de forma autônoma, baseadas em padrões de enormes bancos de dados. Essa inteligência trabalha sozinha, aprimorando seus próprios mecanismos para cada vez mais fazer o usuário ficar preso à tela. A inteligência artificial pode ser vista como algo revolucionário, e é, mas a sociedade civil precisa lembrar que essa inteligência é baseada em dados, dados fornecidos pelos usuários, e com isso a inteligência pode causar erros e injustiças da mesma natureza humana, pois é baseada em nosso comportamento. Como exemplo a robô Tay, o perfil de inteligência artificial criado pela Microsoft para interagir com adolescentes no Twitter, foi tirado do ar menos de 24 horas depois de ser ativado porque o robô que aprendia sozinho ao conversar com humanos acabou rapidamente reproduzindo racismo, misoginia, xenofobia e ignorância na web. Entre algumas falas da robô Tay, ela parecia negar o Holocausto, apoiava o genocídio e chegou a chamar uma mulher de “puta estúpida”.
Outro exemplo de erros na inteligência artificial é um caso do Twitter novamente, em que o algoritmo de fotos da rede social em questão foi projetado para otimizar a visualização de imagens no feed de notícias. Quando você publica uma foto grande demais ou fora das proporções aceitas pela plataforma, ela automaticamente escolhe uma porção do retrato para exibir como uma prévia na linha do tempo, priorizando rostos humanos que porventura sejam identificados; para ver a foto por completo, é necessário clicar na imagem para visualizá-la inteira. O problema nesse caso é que foi percebido por alguns internautas que esse sistema prioriza rostos de pessoas brancas em vez de indivíduos negros. A polêmica começou quando um usuário fez uma série de testes em seu perfil, compartilhando montagens que juntavam os rostos do senador Mitch McConnel e do ex-presidente Barack Obama. O sistema sempre priorizava o rosto de Mitch e assim, por conseguinte, o algoritmo em diversos testes, na maioria das vezes, priorizava rostos brancos em vez de rostos negros.
A rede social, quando questionada pela imprensa respondeu em nota dizendo: “Fizemos uma série de testes antes de lançar o modelo e não encontramos evidências de preconceito racial ou de gênero. Está claro que temos mais análises a fazer. Continuaremos compartilhando nossos aprendizados e medidas, abriremos o código para que outros possam revisá-lo”.
A discussão acima serve apenas para compreendermos a arquitetura das redes, o funcionamento dos sistemas e como estes também possuem falhas e entender que a inteligência artificial funciona com os dados e padrões de comportamento dos usuários nas suas “andanças” pelas redes sociais. Mas para o seu negócio, o que é importante ressaltarmos são as vantagens e benefícios que a inteligência artificial e a automação podem trazer para o seu o processo de conversão e venda.
Pensando na escassez de tempo do usuário e que com o passar do tempo o consumidor está cada vez mais exigente, a IA é a melhor forma de diminuir o esforço do consumidor no momento da compra, suprindo a sua necessidade de maneira prática e rápida. Um exemplo disso é o UX (User Experience) aplicado e modificado diariamente, mostrando seu valor e sua necessidade para fidelização de clientes e aumento do consumo.
Vantagens da Inteligência Artificial para seu Negócio
1. Re-marketing: estratégia para impactar o usuário com produtos já procurados anteriormente, oferecendo como anúncio quando existe navegação em outros sites e redes sociais.
2. Chatbots: que nada mais são que assistentes virtuais inteligentes que podem ser adicionados nas lojas online, com respostas programadas para auxiliar o consumidor no processo de compra. Além disso, eles podem ficar ativos 24h, melhorando ainda mais a experiência do usuário.
3. Solicitação automatizada: é aquela mensagem que aparece quando você vai comprar de novo na mesma loja, por exemplo “compre com um clique” ou “utilize os dados da sua compra anterior”, tornam a compra ainda mais rápida e simples.
4. Avaliação dos produtos: a aba de avaliação dos produtos é uma ótima opção para convencer o consumidor a fazer uma compra, isso porque a avaliação de outro usuário é relevante no processo de decisão por ser verídica.
5. Acompanhamento de vendas: todos os processos de compra que são automatizados por e-mail, WhatsApp e WhatsApp Business, como notificação de abandono de carrinho, confirmação da compra, código de rastreio e opções de contato para devolução ou dúvidas, são ótimos para inserir o consumidor em todo o processo de venda.
Por fim, a discussão que se abre em torno da Inteligência Artificial e a automação é sobre o processo de humanização desses robôs, por muitas vezes o usuário ser resistente e querer insistentemente falar com a algum ser humano. Essa estratégia de humanização vem sendo adotada por empresas como MagaLu, onde a IA é chamada de Lu e tem forma física de humano. Outro exemplo é a Fátima, da plataforma de checagem “Aos Fatos” que possui um nome comum para aproximar do usuário, diminuindo a “robotização” do processo de checagem.
Os gestores precisam ficar atentos a essas novas tendências para que o seu negócio não fique ultrapassado e assim, aproveitar todas as oportunidades que as redes possuem para venda e conversão. Fica ligado que vem mais artigo sobre o assunto por aqui!